HENRIQUE PEREIRA DE LUCENA
*magistrado; pres. RN 1872; pres. PE 1872-1875;
pres. BA 1877-1878; pres. RS
1885-1886; dep. geral PE 1886-1889; gov. PE 1890; min. Just. 1891; min. Agric.
1891; min. Faz. 1891; min. STF 1891-1892.
Henrique
Pereira de Lucena, futuro barão de Lucena, nasceu em Limoeiro, atual Bom Jardim
(PE), em 27 de maio de 1835, filho de Henrique Pereira de Lucena e de Ana
Barbosa da Silva.
Fez os
estudos secundários no Imperial Colégio de Pedro II, no Rio de Janeiro, então
capital do Império, e de volta à província natal ingressou em 1853 na Faculdade
de Direito do Recife, recebendo em 1858 o grau de bacharel em ciências
jurídicas e sociais. Iniciou a vida pública como delegado de polícia em Recife.
Após participar das forças que pacificaram a localidade de Ouricuri, no agreste
pernambucano, onde facções lutavam pelo
poder
local, ingressou na magistratura como juiz municipal e de órfãos do termo de
Goiana (PE) e ali permaneceu até 1869. Ao longo desse período, foi agraciado
por dom Pedro II com o grau de cavaleiro da Ordem da Rosa, em 1860, e com o
hábito da Ordem de Cristo, em 1866. Em 1869 foi nomeado juiz de direito da
comarca de Teixeira (PB), em 1872 foi designado para a comarca de Palmares (PE)
e dali foi removido para Jaboatão (PE).
Ainda em
1872 foi nomeado presidente da província do Rio Grande do Norte. Entre 5 de
novembro do mesmo ano e 10 de maio de 1875 foi presidente da província de
Pernambuco e realizou uma série de obras públicas que fizeram com que seu nome
despontasse como exemplo de administração e de governo. Teve novas experiências
administrativas como presidente da província da Bahia, de 1877 a 1878, e da
província do Rio Grande do Sul, de 28 de outubro de 1885 a 8 de maio de 1886,
quando, eleito deputado geral por Pernambuco, transferiu-se para a Corte e foi
substituído pelo vice-presidente e comandante das armas, o
então
general Manuel Deodoro da Fonseca, seu amigo pessoal. Durante a legislatura
1886-1889, foi eleito presidente da Câmara para o biênio 1888-1889, comandando
assim a discussão, votação e aprovação da Lei Áurea, assinada pela princesa
Isabel, regente do Império, em 13 de maio de 1888. Ainda em 1888 recebeu da
princesa Isabel o título de barão de Lucena.
Encontrava-se
no parlamento quando Deodoro da Fonseca proclamou a República em 15 de novembro
de 1889. Retornou então à magistratura, assumindo, no Rio de Janeiro, a vara
dos
Feitos da Fazenda Nacional. Ali permaneceu por pouco tempo, dado que o governo
provisório chefiado por Deodoro o nomeou governador de Pernambuco. Em 4 de
agosto de
1890
assumiu assim o governo pernambucano, substituindo Ambrósio Machado da Cunha
Cavalcanti. Em 23 de outubro passou o governo a José Antônio Correia da Silva.
Já figura destacada no panorama político, jurista de renome nacional, em
novembro de 1890 foi designado para o Supremo Tribunal Federal (STF), corte
constitucional criada em outubro nos moldes da Suprema Corte norte-americana.
Embora o Senado houvesse
rejeitado
seu nome para o STF, foi daqueles personagens que, mesmo identificados com a
monarquia, se mantiveram em altas funções no aparelho de Estado, pelo menos até
a subida de Floriano Peixoto ao poder. Assim, em 22 de janeiro de 1891, diante
da demissão coletiva do ministério motivada por divergências com Deodoro da
Fonseca, foi chamado, junto com políticos do antigo regime monárquico, a
substituir os demissionários. Assumiu na ocasião os ministérios da Justiça e da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas e tomou posse também no STF quando este
foi instalado, em 28 de fevereiro de 1891. Tendo deixado em 22 de maio a pasta
da Justiça, em 4 de julho deixou a da Agricultura para assumir o Ministério da
Fazenda. Nele permaneceu até a renúncia de Deodoro e a posse de Floriano, em 23
de novembro de 1891, e pouco depois disso, em janeiro de 1892, foi aposentado
do STF. Após a aposentadoria, recolheu-se à vida privada, caindo no ostracismo
político
Faleceu
no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 10 de dezembro de 1913. Foi
casado com Zília Sofia Carneiro Campelo. Seu sobrinho Epitácio Pessoa, filho de
sua irmã Henriqueta Barbosa de Lucena, foi constituinte de 1891 e deputado pela
Paraíba (1891-1893), ministro da Justiça (1898-1901), ministro do STF
(1902-1912), senador (1912-1919 e 1924-1930) e presidente da República
(1919-1922). O irmão deste, Antônio Pessoa, foi presidente da Paraíba
(1915-1916) e pai de Carlos Pessoa, deputado federal por esse estado de 1925 a
1929. A irmã de ambos, Maria Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, era mãe João
Pessoa, ministro do Superior Tribunal Militar (1919-1928), presidente da
Paraíba (1928-1930) e candidato da Aliança Liberal a vice-presidente da
República, cujo assassino foi o estopim da Revolução de 1930. Eduardo
Junqueira
FONTES: MATTOSO, P. Supremo
Tribunal;MELLO FILHO, J. Notas; RODRIGUES, L. História; SUP. TRIB. FED.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/ministros>.
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